Considerada um marco no processo de colonização do povo amapaense, a Vila de Mazagão Velho, primeiro reduto dos negros que desbravaram o Amapá, comemora nesta segunda, 23, seus 242 anos de fundação. O município, localizado a 70 km da capital, possui aproximadamente 17 mil habitantes e conta com um legado imaterial vasto que legitima os aspectos formadores da cultura do Amapá.
A programação festiva, divulgada pela Secretaria de Cultura do município, compreende atividades cívicas, culturais e religiosas. Nas primeiras horas da manhã desta segunda, os moradores da vila serão despertados com queima de fogos. Haverá ainda missa campal e homenagens póstumas aos primeiros habitantes da região. Serão convidados um historiador e um representante afrodescendente para explicar o legado deixado pelas 163 famílias que chegaram a Mazagão Velho no século dezoito. A saudação aos primeiros habitantes será lembrada ainda, pelo Exército Brasileiro, que fará a execução de uma salva de tiros e levará a banda de música para se apresentar na Vila.
Autoridades políticas das esferas municipal, estadual e federal, convidadas a participar dos festejos da cidade, poderão visitar o mausoléu que abriga urnas funerárias das primeiras famílias que habitaram a região. A descoberta ocorreu em 2007, durante escavação arqueológica, coordenada pelo pesquisador Marcos Albuquerque, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Os resquícios evidenciam a influência negra para a formação genética e cultural do povo amapaense. O museu também aborda a habilidade mazaganense para a pesca e agricultura, que ainda hoje, constituem-se as principais atividades econômicas do município.
No período da tarde, a programação segue nos balneários de localidades próximas. Será montado um placo central em frente à sede comunitária Micito Aires, onde haverá apresentações de grupos folclóricos de Sairé e Marabaixo.
De acordo com o secretário municipal de Cultura, Jesus Nazareno Gomes de Almeida, o aumento no fluxo de visitações à cidade também já está previsto no planejamento.
“Encaminhamos solicitação à Setrap (Secretaria de Transportes) para que agilize o acesso de passageiros e veículos nas três balsas do Rio Matapi durante as festividades. O reforço policial e do Corpo de Bombeiros também já foi confirmada pelos dois comandos”, afirmou Jesus Nazareno.
Mazagão Velho não é Quilombo
De acordo como secretário municipal de Cultura, a história da Vila de Mazagão Velho destoa dos relatos de resistência gerados por negros quilombolas. Ele explica que as famílias trazidas para a região vieram por ordem da colônia portuguesa, que no século dezoito mantinha sede na Capitania do Grão-Pará (que mais tarde, compreenderia os estados do Pará e Amapá). O Marquês de Pombal determinou a transferência das famílias com o intuito de povoar esta região e disseminar os preceitos monárquicos.
Desse modo, o povoamento de Mazagão Velho não adotou qualquer relação com grupos remanescentes de quilombos. Essa denominação se dá apenas a famílias negras que resistiram à escravidão e se refugiaram em localidades afastadas das colônias portuguesas. (Stefanny Marques/aGazeta)
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