foto: Edgar Rodrigues |
Há 31 anos os amapaenses recebiam as notícias de que um barco havia virado no Rio Cajari, a caminho do município de Laranjal do Jarí. Dois dias depois começavam a chegar os primeiros corpos e só aí se percebeu o tamanho da tragédia.
O Barco Novo Amapá tinha 25 metros de comprimento. Poderia transportar até meia tonelada, mas naquele dia levava quase uma tonelada entre bagagens, engradados de bebidas, dois carros e outros produtos.
Além disso, desatracou do porto de Santana com 696 passageiros a bordo. A sobrecarga e o peso mal distribuídos contribuíram para a gravidade do acidente.
“Na hora que o navio virou eu ouvi gritos de socorro, mas como estava muito escuro não era possível ver ninguém. Eu consegui nadar até a margem do rio onde já estavam outras pessoas”, conta o comerciante José Góes, um dos poucos sobreviventes do naufrágio.
A superlotação da embarcação, que tinha capacidade para transportar 400 pessoas, resultou na maior tragédia fluvial da Amazônia. Com o naufrágio do Novo Amapá, 378 pessoas morreram. Trezentas e trinta e três estão enterradas em uma cova coletiva no cemitério de Santana.
A maioria dos corpos resgatados, após o acidente, foram sepultados no Cemitério Santa Maria. Na administração existe uma placa com os nomes de 333 vítimas. A impunidade, o abandono do caso e a falta de serviços no cemitério também causam sofrimento.
Até agora ninguém foi indenizado pela morte dos familiares no acidente. Em março de 1996, o Governo do Estado sancionou uma lei para a construção de um memorial em homenagem às vítimas do naufrágio. Quase 16 anos depois nada foi feito.
Fonte: Portal Amazononia