Dois braços de uma cruz do século XIX, que ficava na Ponte da Barra em Ouro Preto, são destruídos por foliões durante o carnaval, e o Iphan e a prefeitura pretendem acionar os responsáveis na Justiça
Felipe Sáles
Após manter-se por cerca de 200 anos intacta, uma das relíquias históricas de Ouro Preto, em Minas Gerais, não resistiu ao carnaval de 2012. Dois braços da cruz da Ponte da Barra – patrimônio histórico da cidade – foram destruídos por quatro folionas de São Paulo. O grupo acabou preso e uma das envolvidas – identificada pela Prefeitura de Ouro Preto como Larissa Almeida – teria assumido a autoria do dano. O Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan), juntamente com o poder público municipal, vai entrar com uma ação civil publica para cobrar os gastos com a reparação.
Durante a passagem de um bloco no domingo de carnaval, as quatro amigas teriam se apoiado no monumento, que não resistiu e desabou no leito do córrego que passa embaixo da ponte. Avisados por pessoas que estavam próximas ao acidente, policiais militares foram ao local e prenderam o grupo em flagrante. Segundo a Prefeitura de Ouro Preto, Larissa Almeida pagou fiança e foi libertada junto das amigas.
Em nota divulgada no Twitter oficial do município, a prefeitura afirmou que “Larissa Silva Ferraz de Almeida deverá custear o restauro da cruz da Ponte da Barra por mestres canteiros de Ouro Preto”, e que “o crime e a punição podem ajudar a conscientizar jovens sobre os valores do patrimônio”. A prefeitura não poupou críticas às jovens: “irresponsabilidade, leviandade, falta de educação e de cultura levaram as quatro foliãs (sic) a danificar o patrimônio”, e termina ressaltando que “o mau exemplo sirva de alerta a turistas e moradores”.
Monumento sem proteção no carnaval
O Iphan informou que vai apoiar a prefeitura na ação contra as folionas. Ainda segundo o instituto, não há relatos de outros danos causados por excesso de público no patrimônio da cidade - tanto neste como em outros carnavais. Por dia, mais de 40 mil pessoas curtiram o carnaval em Ouro Preto. Para preservar o patrimônio, foi erguido um tapume ao redor da Ponte dos Contos, medida que, porém, não aconteceu na Ponte da Barra porque a prefeitura considerou o local “com menos movimento”.
A peça, talhada em pedra Itacolomi, não tem um valor mensurado, uma vez que envolve aspectos culturais.A ponte, além de ter tombamento federal desde 1950, fica num conjunto urbano tombado pelo Iphan desde 1938.
O reparo, porém, foi estimado em torno de R$ 3 mil. Apenas a base maciça se manteve no local. O material necessário para a reconstrução da pedra poderá ser encontrado na própria região, que conta ainda com mão de obra especializada para o restauro.
antes
depois
Fonte: Revista de História.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário